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  • Foto do escritorEngendre UFPI

A Universidade tem sido segura para quem?


Na última semana, um retrato trágico de um país em crise se expressou na UFPI. Um assaltante armado rendeu uma turma, composta majoritariamente por mulheres, no Centro de Ciências da Educação (CCE). O mesmo exigiu que a professora, que ministrava a aula, recolhesse os pertences das discentes. Professora e alunas, após o roubo, foram trancadas em sala de aula com o auxílio de um cadeado. Felizmente não houve injúrias físicas à docente ou às discentes, mas os danos psicológicos e materiais não podem ser minimizados, nem a gravidade da situação.

O caso revelou o quanto o sucateamento da educação pública brasileira tem deixado as universidades em estado de vulnerabilidade e trouxe à tona o sentimento de insegurança por parte da comunidade acadêmica que convive no espaço. Para além de tratar as “questões de segurança” apenas do ponto de vista da presença de câmeras e policiamento, pensamos nessa situação como parte de um conjunto de questões que compreendem as condições de funcionamento adequado da instituição, mas também as relações estabelecidas no espaço (produzindo mal-estar em termos de gênero, raça, sexualidade, a exemplo).

Desde o retorno das aulas presenciais, a UFPI tem vivenciado episódios de insegurança envolvendo assaltos e arrastões, que preocupam e colocam a comunidade acadêmica em estado de alerta. O cenário de crescente violência é reflexo do momento que vivem as universidades públicas, a saber o sucateamento das instituições que passa pela Emenda Constitucional 95/2016, que estabeleceu o chamado “teto de gastos” e também pelo regime de sucessivos cortes nos recursos para a educação brasileira.

Essas conjunturas, agravadas nos últimos anos, têm impactado o desenvolvimento das atividades-fim e das atividades-meio das instituições educacionais de nível superior, muitas vezes comprometendo até mesmo o funcionamento de atividades básicas. Os impactos têm sido experimentados nas políticas de pesquisa, de extensão, de ensino, de assistência estudantil e de segurança nos campi.

Além disso, o retorno presencial após a suspensão das atividades, em virtude da pandemia de COVID-19, se deu em um contexto de agravamento das desigualdades e problemas sociais, dentro e fora da universidade.

Manifestamos nossa solidariedade à professora e às(aos) discentes da turma, que sofreram o triste episódio. E perguntamos, na qualidade de pesquisadoras especialistas em Estudos de Gênero e Sexualidade vinculadas ao ENGENDRE: a Universidade Federal do Piauí tem sido um ambiente seguro para quem? Como tem sido a experiência de vocês no cotidiano do campus? A UFPI tem sido um ambiente seguro para vocês?

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